Amigo leitor, imagine por um instante, se escritores não tivessem escrito a bíblia.

É fácil imaginar, feche os olhos e imagine agora, um mundo sem origem, sem passado, sem história, (...) seriamos um bando de nada vivendo a esmo, em lugar nenhum.

Não saberíamos de onde viemos, nem para onde iremos, quem nos criou, porque fomos criados. Viu a importância de um livro?

Imagine se escritores não escrevessem livros, e depois estes livros não virassem clássicos em novelas e filmes que marcam épocas. O mundo seria sem graça e menos evoluído (pois a vida imita a arte) sem contar na importância dos livros para a economia do país e do mundo. Uma história ( livro) cria frentes de trabalho, dá empregos, movimenta uma nação e muda a realidade de um município.

Certa vez, em conversa com Manuelzão, sobre o livro “Manuelzão e Miguilim, de Guimarães Rosa, o personagem Manuelzão me disse assim: “Aquilo que João Rosa escreveu é tudo inventado, é tudo mentira!” Manuelzão na época não tinha a consciência da revolução do livro, do qual ele era personagem. Geralmente é assim, as gerações contemporâneas aos escritores não valorizam os livros nem seus autores. Eles não têm consciência da revolução de uma obra literária.

Aquele livro escrito há 60 anos passou a sustentar o próprio Manuelzão, só por ter sido personagem da história, isso é incrível! Mudou sua realidade, fez com que ele conhecesse o mundo, e o mundo o conhecesse. Hoje, 60 anos depois, aquelas estórias “sem importância” revolucionam o povoado de Andrequicé, trazem rendas para as pessoas, dão oportunidades. E, pelo menos por ocasião da festa, as ruas ficam limpas e o distrito bem cuidado. Já pensou se Guimarães Rosa não tivesse andado pela região, e muito menos escrito aquelas histórias? Hoje Andrequicé estaria abandonado, esquecido, talvez acabado!