Entra inverno, sai inferno e eu aqui deitado.

Tudo acontecendo, e eu aqui parado

dando migalhas aos insetos.

Os dias passam correndo, vou acabar me perdendo.

Numa fração de segundos já não existo mais.

Perco a vida, a vida alem da ida.

Mas não posso ficar aqui deitado!

Enquanto um partido racista domina nossa intimidade

Enquanto tochas cruzam o azul dos endemoniados

Enquanto martelos crucificam os punhos do amor

Os peixes do “Chico” estão morrendo

Vou acabar me perdendo.

Ah! Quando houver uma partida

Ganharei a vida, no ato da ida.

Mas ainda estou aqui deitado

Vendo essa indústria com suas chaminés.

Esse licor vermelho, do sangue que verteu

matará o peixe, o verde e eu.

É mas ainda estou aqui deitado!

Por que não sou amado?

Por que não sou desejado?

Essas mulheres não sonham comigo

Não tenho amigos.

E continuo aqui deitado.

Morrerei aqui deitado?

ESTE TEXTO FAZ PARTE DA ARTE PLÁSTICA EXPOSTA NO RECEPTIVO TURÍSTICO, NA ENTRADA DA CIDADE. O TÍTULO DO QUADRO É “RIO VERMELHO” DE JOSÉ AMARO DA SILVA. 8813 5455.