Por causa da estiagem atípica para esta época do ano, a Polícia Militar de Meio Ambiente intensificou a fiscalização para coibir a pesca no Rio São Francisco, próximo a Três Marias, na região Central de Minas e São Gonçalo do Abaeté, no Noroeste do estado. Até um aerobarco está sendo utilizado para o trabalho, que terminaria no próximo dia 28, mas pode ser prorrogado.

O veículo foi comprado após um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público Estadual (MPE) e auxilia a navegação onde há pouca água. Segundo o subcomandante da 10ª Cia de Meio Ambiente, tenente Marco Aurélio Ferreira, a quantidade de pescado e materiais apreendidos durante a operação é grande. “Durante essa fiscalização já fizemos a apreensão de mais de 1.200 quilos de peixe, 15 mil metros lineares de rede e mais de 30 tarrafas. Lembrando que ainda faltam 10 dias para finalizarmos o trabalho”, afirmou.

Para o pescador Norberto dos Santos, que vive da pesca há quase 50 anos, as ações de fiscalização são importantes e ajudam a manter o “velho Chico”. “O que a natureza deixou de fazer foi reposto por essa iniciativa. Tem que haver um controle”, opinou.

Preocupações ambientais com o período

O nível de água do rio, na represa de Três Marias, região central de Minas, atingiu o menor percentual desde 2002. Os dados na página online do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostram que o reservatório da usina está com apenas 24,5% da capacidade. Além de impedir a usina de funcionar com o potencial máximo, a forte estiagem já causa outras preocupações ambientais.

Um levantamento do Centro de Monitoramento de Peixes de Três Marias mostrou que essa é a pior estiagem registrada nos últimos 13 anos. Segundo o biólogo João Eudes, que acompanha o Rio, o período prejudica o povoamento e a reprodução dos peixes. “O peixe para reproduzir precisa de um volume de água com alguma característica para que ocorra essa reprodução, que é a turbidez, o volume e a temperatura. Não ocorrendo os três em conjunto a reprodução fica prejudicada”, explicou.

Ainda de acordo com o biólogo, como não choveu o suficiente para encher as lagoas que se formam no entorno do rio, a tendência é de mais diminuição dos peixes no São Francisco.