Uma nota técnica do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Estadual de Florestas (IEF) publicada nesta terça-feira (26) concluiu que rejeitos da Barragem do Feijão, da Vale, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, não atingiram o reservatório da Hidrelétrica de Três Marias, na Região Noroeste de Minas e Gerais, e nem o Rio São Francisco.

A análise contesta o estudo divulgado nesta sexta-feira (22) pelo SOS Mata Atlântica. Segundo a ONG, a água analisada no trecho entre os reservatórios de Retiro Baixo e o de Três Marias apresentou turbidez acima dos limites legais e concentrações altas de metais pesados, o que seria evidência da pluma de rejeitos.

Porém, segundo o Ibama, não houve tempo hábil para que os rejeitos tenham ultrapassado estes pontos.

“O monitoramento da biodiversidade ao longo da bacia corrobora com tal afirmação, uma vez que até o momento não foram identificados impactos nesses locais”, diz a nota.

Rio Paraopeba é contaminado por rejeitos de barragem da Vale em Brumadinho — Foto: Ibama/Divulgação

Houve mortandade de peixes de forma aguda logo em cerca de 44 quilômetros do Rio Paraopeba, afluente do São Francisco. Porém, isto não foi observado nos demais pontos.

No trecho mais afetado, “foram coletados peixes vivos, ovos e larvas viáveis, indicando que mesmo após o desastre, parte da ictiofauna continua na região. Entretanto, os espécimes que sobreviveram ainda estão sob condições inadequadas e poderão ter funções biológicas comprometidas, acarretando em mudanças comportamentais, redução de crescimento, redução da taxa reprodutiva e até mesmo morrerem”, de acordo com o Ibama.

Ainda segundo a nota, é inegável que o rompimento da barragem trouxe impactos para a biodiversidade da região. “Contudo, a avaliação dos danos deve ser feita de forma segura, baseada em dados confiáveis, e respeitando os procedimentos técnicos cabíveis”, disse o órgão.