Dezesseis de junho será o dia “D” para os produtores de Queijo Minas Artesanal. É que será realizada, em São Roque de Minas, região Centro-Oeste, a final do 11º Concurso Estadual de Queijo Minas Artesanal. A disputa terá 34 participantes das regiões Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Serra do Salitre, Serro e Triângulo Mineiro. Este ano o evento acontece dentro da programação do Festival do Queijo Canastra.

Até chegar à grande final foram realizadas sete etapas classificatórias nas regiões produtoras. O número total de participantes foi de 150 produtores. Durante a final, em São Roque de Minas, os queijos classificados serão avaliados de acordo com os critérios: apresentação, cor, textura, consistência, paladar e olfato. A comissão julgadora, formada por profissionais ligados à área, irá escolher os melhores queijos de cada região. O julgamento começa às 10h, na praça Alibenides da Costa Faria, Centro. O anúncio dos vencedores será feito a partir das 15h.

“O concurso estimula a melhoria da qualidade do Queijo Minas Artesanal, promove a divulgação e a valorização do produto entre os consumidores. Além disso, incentiva a legalização do queijo e premia os produtores pela qualidade e empenho na produção”, diz o presidente da Emater-MG, Glenio Martins.

Mudanças

A partir de 2017, uma mudança importante ocorreu. Os concursos regionais passaram a ser considerados etapas classificatórias para o concurso estadual.

“As mudanças ocorreram para valorizar as regiões produtoras, evitando a competição entre as mesmas. Na etapa estadual serão escolhidos os queijos campeões de cada região”, afirma a coordenadora Técnica estadual da Emater-MG, Maria Edinice Soares Souza Rodrigues.

Também em 2017, a final do concurso passou a ser itinerante. A final de cada edição agora é feita em uma região produtora diferente. Outra inovação é a categoria Super Ouro. O vencedor será escolhido entre os sete campeões de cada região. O concurso é promovido pelo Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Emater-MG, programa Mais Gastronomia e Prefeitura de São Roque de Minas.

Todos os participantes do concurso são cadastrados junto ao Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) ou registrados no Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-POA).

Valorização do Queijo Minas Artesanal

O governo estadual, por intermédio da Seapa, Emater-MG e o IMA desenvolve o programa do Queijo Minas Artesanal. O estado trabalha com número estimado de 30 mil produtores de queijos artesanais, sendo que, desse total, 9 mil são produtores de Queijo Minas Artesanal e estão nas sete regiões tradicionais, caracterizadas e reconhecidas. A produção aproximada dessas regiões é de 50 mil toneladas por ano.

Em 2018, foi desenvolvido um plano de ação para simplificar a metodologia para a regularização dos produtores de Queijo Minas Artesanal. A iniciativa foi uma parceria entre a Seapa, Emater-MG, Epamig e o IMA.

Segundo o Superintendente de Apoio à Agroindústria da Secretaria de Agricultura Gilson Sales, este realinhamento das exigências obrigatórias vai além de mera simplificação. “A nossa preocupação é garantir a melhoria da qualidade da produção e, ao mesmo tempo, aumentar o número de produtores regularizados no estado. Reduzindo a informalidade, garantimos a oferta de produtos cada vez mais seguros aos consumidores e asseguramos a geração de renda e emprego”, avalia.

Iguaria histórica

O Queijo Minas Artesanal mantém as características de produção artesanal, predominantemente a partir de mão de obra familiar, com produção em baixa escala através de leite cru (não é permitido leite pasteurizado), produzido na propriedade (proibido aquisição de leite), utilização de coalho, pingo e salga seca. Ele é apreciado graças ao conhecimento passado entre gerações e às suas características peculiares. O modo artesanal da fabricação foi registrado como patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

“O Queijo Minas Artesanal tem a capacidade de manter a tradição cultural das famílias produtoras, contribuindo, assim, para a sucessão rural nas propriedades. É também importante para a agregação de valor do leite, favorecendo a melhoria da renda das famílias e melhorando sua qualidade de vida”, afirma o coordenador Técnico estadual da Emater-MG, Milton Nunes.

O Queijo Minas Artesanal é fabricado no estado em sete regiões caracterizadas: Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Serra do Salitre, Serro e Triângulo mineiro. O reconhecimento das regiões é respaldado por estudos que avaliam o processo de fabricação e as características peculiares do local de origem, como a história, a economia, a cultura e o clima, entre outros.

A Emater-MG orienta os produtores sobre adequações das queijarias, currais e anexos, obtenção higiênica do leite, tratamento de água, controle sanitário do rebanho, boas práticas agropecuárias, boas práticas de fabricação e exigências da legislação vigente. A empresa também exerce um papel importante na mobilização e organização dos produtores.

De acordo com o IMA, órgão estadual credenciado junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), atualmente há 278 produtores mineiros cadastrados, aptos para a produção de Queijo Minas Artesanal e habilitados para vender dentro do território mineiro, além de nove queijarias e dois entrepostos registrados no Sisbi-POA, aptos a venderem em todo território nacional.

1º Festival do Queijo Canastra

A praça Alibenides da Costa Faria, em São Roque de Minas, região Centro-Oeste, irá receber o Festival do Queijo Canastra. O evento, que acontece entre os dias 15 e 17 de junho, tem como objetivos a valorização e divulgação dessa iguaria tradicional da região. A programação é extensa com a Feira Sabores e Saberes da Canastra, Cozinha Show, seminário sobre o Queijo Minas Artesanal e Pró-Genética, oficina de gastronomia para crianças e shows.

Destaque

O Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC - Food Research Center) participa da programação do tradicional Festival do Queijo Canastra de São Roque de Minas. O FoRC terá um estande no festival com informações sobre a interação de micro-organismos com o queijo artesanal e com alimentos em geral, tanto do ponto de vista da segurança alimentar quanto do uso desses micro-organismos na produção de alimentos.

Paralelamente a essa programação, será realizado o 1º Seminário Científico do Queijo Minas Artesanal. No dia 15 de junho, as palestras abordarão a importância da ciência para a melhoria da qualidade e segurança dos alimentos; os micro-organismos presentes dentro do queijo minas artesanal; e a aplicação da ressonância no controle de qualidade e certificação dos alimentos. Já no dia 16 os assuntos são: pré-requisitos indispensáveis para sanidade animal e qualidade do leite; boas práticas de fabricação; e a influência do pingo no controle de coliformes durante a maturação do queijo. Esta programação será realizada no Auditório do Sicoob Saromcredi (Rua XV de Novembro, 45 – Centro – São Roque de Minas).