A corrida das petroleiras e de fornecedores do setor atrás do gás natural da Bacia do São Francisco ganha novos reforços este mês em Minas Gerais, com a definição dos primeiros projetos de desenvolvimento da tecnologia de produção do insumo que serão financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). A iniciativa do governo estadual em apoio às empresas, hoje envolvidas na avaliação do potencial de 29 poços exploratórios perfurados na porção mineira do Velho Chico, consiste no embrião de um centro de tecnologia e capacitação específico para a fonte de energia limpa. Os técnicos do estado avançam, ainda, na preparação de regras para instituir um mercado livre de gás natural, em fase de discussão com os investidores.

O objetivo do governo é lançar este ano o edital disponibilizando recursos da Fapemig, informou a presidente do Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas (Indi), Mônica Cordeiro. Temas como a geologia e a particularidade da produção de gás do tipo não convencional – encontrado em rochas de baixa porosidade – já foram identificados como alvo dos projetos de desenvolvimento tecnológico a ser financiados. O trabalho une as pontas representadas pelas necessidades das empresas para produzir o insumo e os pesquisadores das universidades que têm tradição em especialidades ligadas à mineração, como a geologia, engenharias de minas e química.

O início da produção de gás em Minas está sendo aguardado para 2014, mesmo que numa fase experimental. Além do pioneiro consórcio Cebasf, que descobriu o insumo em Morada Nova de Minas, distante 280 quilômetros de Belo Horizonte, pesquisam na área mineira da Bacia do São Francisco a Petra Energia, Cisco, Shell e a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Há estimativas de que os investimentos na pesquisa e perfuração de poços possam ter passado de R$ 400 milhões.

A Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior está reunindo e sistematizando as sugestões das empresas e de universidades, a exemplo da Ufop, de Ouro Preto; UFMG, Universidade Federal de Uberlândia e Unimontes, de Montes Claros, no Norte de Minas, para financiar projetos de desenvolvimento tecnológico aplicado à exploração e produção do gás. “Perseguimos o objetivo de criar um centro de referência em Minas e ele já nasce da especialização dos pesquisadores das nossas universidades. É parte do trabalho para dar suporte às empresas”, afirma Mônica Cordeiro.

No mesmo contexto, junho deverá marcar a segunda rodada de debate do governo com as empresas para formatação de regras estaduais prevendo opções para as empresas não ficarem limitadas a vender o insumo para a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig), única distribuidora em atividade no estado. “A resolução está na etapa de recebimento de comentários de associações de grandes consumidores, de especialistas na área de regulamentação, de universidades, operadores e da Gasmig”, diz a presidente do Indi.

MAIS INVESTIMENTOS
O Cebasf já se prepara para produzir gás a partir do ano que vem. Segundo Frederico Macedo, presidente do consórcio formado pelas empresas Orteng, Delp e Imetame e pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), neste segundo semestre serão contratados os serviços da fase mais refinada de medição da vazão do poço pioneiro no chamado bloco exploratório 132, que permitirá a obtenção do gás.

“O trabalho é essencial para definirmos a produção para 2014”, afirma Macedo. Os sócios do Cebasf estão fazendo estudos de impacto ambiental para apresentar o pedido de licenciamento de outro poço próximo a Morada Nova de Minas e analisam os dados de levantamento sísmico feito na área no ano passado. As novas pesquisas do consórcio estão sendo realizadas em região abrangida pelos municípios de Três Marias, São Gonçalo do Abaeté, Buritizeiro e João Pinheiro.