Barreira de terra provoca desvio das águas; sem a atração turística, economia local sofre

A prefeitura de Pirapora, no Norte de Minas, empresta as retroescavadeiras. O Sistema Autônomo de Água e Esgoto (Saae), a Marinha e o Corpo de Bombeiros cedem as ferramentas. Os moradores da cidade doam o próprio tempo para socorrer o rio São Francisco dos estragos causados por seca, assoreamento, obras inacabadas e acúmulo de lixo. Todo sábado, das 7h30 às 13h30, o grupo realiza um mutirão de limpeza logo abaixo da ponte Marechal Hermes, onde, até cerca de quatro anos atrás, duchas naturais atraiam turistas e ajudavam a girar a economia local.

O movimento voluntário para limpar a área começou no dia 19 de agosto. “Só no primeiro dia retiramos 40 sacos de lixo, de 100 litros cada”, afirma o idealizador da ação, o fotógrafo Rhomário Geovane.

Ele conta que o rio começou a baixar em 2013 e explica que o problema não é somente a crise hídrica. “Uma barreira de terra, que surgiu em consequência de uma obra inacabada por volta de 2010, formou um desvio. Assim, a água acaba indo para Buritizeiro. Dependemos de algumas licenças estaduais e federais para retirar essa terra, pois trata-se de uma área de preservação ambiental. Mas, como é muito burocrático, unimos forças e vamos fazendo o que é possível”, destaca.

Desde 2013, Pirapora, sofre com a escassez de água. O problema foi amenizado em 2015, com investimento em um novo sistema de captação. Mas, mesmo sem racionamento para a população, o município tem várias outras perdas.

Todo sábado a empresária Renata Freire Dias, 48, participa do mutirão. Ela, que nasceu em Pirapora, lembra como as duchas eram frequentadas. “Nosso objetivo, ao limpar a área, é resgatar aquela diversão. Desde que começamos, já percebemos que o volume de água aumentou um pouco”, comemora Renata, que, além de doar tempo e trabalho, também financia os lanches dos voluntários.

“Vamos continuar a limpeza até começar as chuvas. Depois vamos plantar árvores para evitar a erosão e também vamos às escolas realizar um trabalho de educação ambiental”, afirma Renata. Para atrair mais colaboradores, o movimento realizará um evento no dia 23 de setembro, com apresentação da Orquestra Sinfônica de Pirapora, formada por crianças.

Além de recolher o lixo, o mutirão se concentra na retirada de terra acumulada acima das duchas para desobstruir os canais de passagem da água.

“Já foram retirados pelo menos cem caminhões de terra e mato. Também abrimos um canal dentro da ‘barriga de terra’ , tudo para trazer a água de volta à área das duchas”, afirma Geoavane.

Pirapora