Ter fé, antes de tudo, porque a fé é capaz de levar você bem longe. Fé é acreditar que tudo vai dar certo, mesmo que tudo esteja contrário àquilo que imaginamos. Não sei porque temos essa fé, essa crença em acreditar que nada vai desandar. Na maioria das vezes não difere muito das torcidas de futebol que, até o último momento, acreditam na virada e na vitória dos seus times.
O imponderável, definitivamente, não faz parte daqueles que acreditam no destino final espetacular e revitalizante. O universo pode até estar conspirando contra, mas a fé é um grupo muito acirrado que vai decidir tudo, aos 45 minutos do segundo tempo.
Há coisas na vida que tudo encaminha para o desastre. Um acontecimento imparável. E somente a fé, aquela última esperança por uma saída salvadora, existe nas mãos ou ao alcance do crente.
Não há nada de mais em ter fé. Aquele sentimento que a gente traz dentro de nós que poderá mudar o curso da história, ou da nossa história. Atitudes são importantes, projetos devem ser bem pensados, e até o gato se arruma alguns minutos para dar o salto, sem nem ter a certeza de que vai conseguir o seu intuito. Mas toda a parafernália está pronta e o sucesso está lá na prateleira do imponderável.
Perseverar, no entanto, não tem muito a ver com a fé, mas tem o seu pedacinho de crença. Insistir, muitas vezes, no lugar errado pode dar errado sempre. Mas vai que… e por isso o demandante vai sempre tentando. Ora de uma maneira ora de outra.
O perseverante também luta até os minutos finais da partida, não está nem aí qual a posição do universo em relação aos seus sonhos. O destino não é uma coisa congelada e imutável. O destino pouco importa porque, para o perseverante, a sua insistência vai mudar o curso da história.
O gato vai arrumar seu corpo infinitas vezes, porque sabe que cada caso é um caso. E, portanto, não é uma questão de fé, é uma questão de hábito. É da sua natureza.
O que poderia aproximar a fé da perseverança seria a natureza do homem Esse processo natural de tentar sempre, de sair do lugar-comum para alcançar o imaginável. O que se imagina está lá, em algum lugar. E se alguém o fez, não é mais uma questão de fé, é de insistência. E, inclusive, o homem tende a imaginar que exista um poder acima dele, incompreensível, logo essa fé é uma construção que o homem faz para tentar superar os seus obstáculos. Mas é a perseverança a ferramenta que habilita tudo isso. A perseverança é a realidade, é o conhecimento em cada fracasso que vai tornar a perseverança a companhia ideal do aventureiro.
Poderíamos dizer que a fé pertence aos fracos, pertence àqueles que entregam ao divino as responsabilidades e as angústias da vida. O perseverante luta e a sua crença na vitória está na sua vontade. Logo, fé e vontade são similares e a perseverança esse desejo de continuar sempre é mais que vontade, é o querer.
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