Os 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério que vazaram da Barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, não atingiram o Rio São Francisco. Foi o que constatou uma expedição coordenada pela Polícia Federal e que contou com vários órgãos ambientais. Por oito dias, eles percorreram aproximadamente 250 quilômetros de rios e lagos desde a cidade onde aconteceu a tragédia até o reservatório de Três Marias, na Região Central de Minas Gerais. Segundo o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), “não há, até a presente data, evidências de que os rejeitos minerários tenham ultrapassado os limites do reservatório de Retiro Baixo e atingido o lago de Três Marias e o Rio São Francisco”. 

As ações dos órgãos ambientais aconteceram entre 9 e 16 de maio. Foram coletados em um percurso de cerca de 250 quilômetros, mais de 4 mil dados e amostras, segundo a Igam. O estudo envolve imagens de satélite, medições radiométricas e hidrológicas, amostras de água e sedimentos de fundo dos corpos hídricos. Segundo a Igam, os resultados apontam que o Rio São Francisco não foram afetados. 

“Nos oito dias de trabalho de campo foram empregadas três aeronaves tripuladas, duas aeronaves remotamente pilotadas (“drones”), seis embarcações, 11 veículos terrestres, sensores espectrais, radiômetros e dois laboratórios de campanha. Integraram a equipe mais de 30 profissionais, entre pesquisadores, peritos criminais, analistas ambientais e técnicos de órgãos públicos e consultorias”, afirmou a Igam. 

Na nota, divulgada nesta segunda-feira, a Igam rebateu informações que foram divulgadas anteriormente e que apontavam a poluição no Rio São Francisco pela lama de rejeitos que vazou de Brumadinho.  Em 22 de março, Dia Mundial da Água, a SOS Mata Atlântica afirmou que foi detectada a contaminação por metais pesados do Rio São Francisco, via Lago de Três Marias, em Felixlândia, na Região Central de Minas. Foi constatada, nas medições da entidade, turbidez no centro do reservatório acima do aceitável (248 NTU), elevada concentração de metais pesados (manganês, ferro, cobre e cromo), “também muito acima do limite legal”, e diminuição da vida aquática. 

“Várias notícias sem embasamento científico adequado ou mesmo informações enganosas ("fake news") têm sido divulgadas desde a data do rompimento da barragem. Os órgãos ambientais envolvidos no monitoramento do desastre ressaltam mais uma vez que permanecem vigilantes no acompanhamento da dispersão dos rejeitos no Rio Paraopeba. Dessa forma, asseguram que a população será imediatamente informada, por meio de comunicados oficiais e da imprensa, sobre qualquer alteração relevante no cenário de poluição decorrente do desastre”, rebateu a Igam. 

Em março, oInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF) já tinha publicado nota técnica desmentindo a informação de que o Rio São Francisco foi afetado pela lama de rejeitos da barragem da Mina do Córrego do Feijão, da Vale. 

A expedição coordenada pela Polícia Federal teve a participação da Universidade de Brasília (UnB), Agência Nacional de Águas (ANA), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Institut de Recherche pour le Développement (IRD), Serviço Geológico Brasileiro (CPRM) e Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam). Adicionalmente, apoiaram o trabalho o Ministério Público do Estado de Minas Gerais, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF/MG), Empresa Mineira de Pesquisa Agropecuária (Epamig), Prefeitura Municipal de Felixlândia e empresas de consultoria ambiental.