Os pesquisadores da Fundaj Neison Freire, pós-doutorado em risco de desastres naturais, e Beatriz Mesquita, especialista em pesca artesanal, seguem nesta segunda-feira (18) para uma expedição de campo no município de Três Marias, em Minas Gerais, onde os rios Paraopeba e São Francisco se encontram. Lá, eles irão analisar a turbidez das águas dos rios atingidos pelo derramamento de rejeitos da mina Córrego do Feijão.

“Com o esse resultado, vamos validar as imagens de satélite que temos em laboratório e comprovar os estudos que estamos conduzindo, para poder ter uma confirmação científica dos resultados”, explicou Neison. Além do alto teor de argila presente na lama, a maior preocupação dos pesquisadores é a possível presença de materiais pesados nas águas, principalmente em período chuvoso. “Não é apenas uma onda de contaminação que veio e foi embora. É um processo contínuo de chuva, erosão e carreamento desse material.”

Também faz parte da agenda de pesquisa entrevistar pescadores, moradores da região e gestores na área de infraestrutura e meio ambiente dos municípios vizinhos que têm água na represa de Três Marias. Já existem relatos de morte de peixes na represa de Três Marias e, segundo Neison, é preciso agilidade para abrir o debate sobre o que fazer com a lama. “O tempo não espera, principalmente o meio ambiente, que segue seu próprio curso.”

Segundo o pesquisador, no caso do São Francisco, não existe tecnologia economicamente viável para filtros em termos de metais pesado. “A pesca artesanal ao longo da Bacia do São Francisco é uma importante fonte de renda para populações socialmente muito vulneráveis,” afirma. Até o momento, a pesquisa estima que 2 milhões e 600 mil pessoas, direta ou indiretamente, serão afetadas pelo rompimento da barragem de Brumadinho.

A pesquisa completa será elaborada em um dossiê preliminar denominado “Monitoramento Geoespacial da Contaminação do Rio São Francisco Pós-Brumadinho: Possíveis Impactos na Economia, Meio AMbiente, Saúde Pública e Pesca Artesanal.” Os pesquisadores retornam à Fundação Joaquim Nabuco na sexta-feira (15). A partir daí, a instituição lançará a terceira nota técnica através do Centro Integrado de Estudos Georreferenciados para a Pesquisa Social.