Milhares de câmeras de videomonitoramento que estão espalhadas por todos os cantos de Belo Horizonte poderão agora, oficialmente, ser utilizadas para flagrar e multar as “barbeiradas” dos motoristas que transitam pelas ruas da capital. Essa espécie de “reality show” do trânsito passou a valer após a autorização do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), publicada no dia 4 de abril no “Diário Oficial da União” (“DOU”).

Mas, apesar da decisão, trâmites legais e falta de preparo ainda impedem o início da operação – BH tem 2.653 câmeras com tal potencial no Centro Integrado de Operações de Belo Horizonte (COP-BH).

A resolução é ampla e permite que sejam autuados desde motoristas que jogam lixo pela janela até aqueles que fazem conversões proibidas. A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) alega que, para implementar a fiscalização de trânsito por videomonitoramento, há a necessidade de estudos técnicos, treinamentos e ajustes dos equipamentos.

Apesar de as câmeras serem antigas, nenhuma dessas etapas tem sequer uma data definida para começar. Em nota, a prefeitura explicou ainda que as câmeras da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) – que podem ser acompanhadas no COP-BH – são utilizadas, até o momento, apenas para monitoramento do trânsito. “Toda decisão a respeito da fiscalização por videomonitoramento será amplamente divulgada antes da sua implementação”, conclui a explicação.
 
Para o doutor em engenharia de trânsito Frederico Rodrigues, mesmo sem previsão de instalação em Belo Horizonte, a resolução faz parte de um processo de modernização da fiscalização. “Hoje em dia já existem tecnologias que fazem a leitura de placa do carro, por exemplo, então o que vemos é uma evolução”, alega.

O especialista alerta que, mesmo com as câmeras e os agentes da BHTrans, Polícia Militar e Guarda Municipal, é impossível abranger toda a cidade. No entanto, um instrumento a mais pode ajudar em uma mudança cultural. “Não tem como fiscalizar 100% do trajeto de todos os motoristas. Mesmo com as câmeras, isso vai ser só uma amostra. O principal é o que pode acontecer no longo prazo, para as pessoas se sentirem mais policiadas e, dessa forma, se sentirem mais inibidas no trânsito”, analisa.