Uma britânica resolveu não sorrir por quarenta anos para não ter rugas. Ela admite que valeu a pena não curtir o próprio casamento ou o nascimento da filha, em troca de um benefício futuro para não envelhecer o rosto e manter-se sempre jovem ou jovial.

O que seria uma vida sem sorrisos? Ver passar algo engraçado, viver algo engraçado, rir a valer com os amigos, contar anedotas e, por um pequeno espaço de tempo, se alienar do mundo e, simplesmente, não curtir esses prazeres.

Viver sem sorrir é ganhar a preocupação em não sorrir, se vigiar o tempo todo, não cometer o infeliz deslize de rir para o mundo, principalmente, quando el ri para você.

Ir de encontro ao pensamento de que rir é o melhor remédio.

E se nos privássemos de viver paixões? Não se apaixonar por ninguém ou, então, refrear o instinto de declarar um “eu te amo”, na calidez de um sussurro em um ouvido perfumado, e ouvir no mesmo tom acalentado a retribuição do sentimento.

Como seria viver uma vida gélida, sufocando sentimentos, para não sofrer no futuro, não conviver com uma decepção, não chorar, não sentir as lágrimas correndo em nossas faces como um abraço em nós mesmos, desaguar um vulcão que adormece e nos traz pesadelos? Deixar de aprender!

Não confessar para alguém o que se sente, mesmo que o retorno não seja o esperado. Quanta coisa se vive e se vive por teimar em achar que no futuro será diferente?

Com certeza, a britânica não conquistou rugas, mas também não conquistou terrenos, não conquistou o desconhecido, e fez da sua vida o indiferente. Perdeu-se na busca da eterna juventude e se encontrou no futuro sem histórias para contar?

As teve, com certeza, mas muitas delas não partilhou, e para os outros era sempre aquela que não se enturmava. Como imaginar contar uma história engraçada e todos caírem na gargalhada e o seu olhar imperturbável, o semblante sereno não participar?

Ela não se espantou com o inesperado. Teria se tornado um espanto?