Douglas "Pires" chegou ao ápice da carreira em 2019, quando foi campeão mundial e brasileiro de Free Fire pelo Corinthians. O pro player até brinca que "zerou" o jogo após essas duas importantes conquistas, mas para realizar o sonho, Pires precisou lidar com um desafio bem maior do que as disputas dentro do game. Ele revelou que precisou vencer uma batalha contra inimigos invisíveis, como a depressão. Em conversa com o GloboEsporte.com, o mineiro de 22 anos contou um pouco de sua história e disse que usou o game como "terapia".

- Pelo Free Fire construí grandes amizades que posso considerar como irmãos. Eles me ajudam bastante pelo fato de eu ter perdido meu pai e minha mãe. Sinto falta às vezes de ter alguém do meu lado. Para mim, é "ah tô triste, vou jogar um Free Fire" ou "comecei a pensar nos meus pais...vou jogar um Free Fire" que ai distrai e deixa a cabeça vazia - desabafou.

Em 2016, quando trabalhava na borracharia do padrinho, Pires viu seu mundo mudar completamente após o falecimento dos pais em um acidente de carro. Logo depois da perda, o mineiro chegou a cursar faculdade de engenheira mecânica por um período, mas foi a depressão que o impediu de continuar.

Voltou para a cidade natal de Três Marias (MG) e decidiu correr atrás de um trabalho no restaurante do tio, na cidade vizinha de Paraopeba (MG). O tempo era dividido entre o trabalho, o curso de radiologia e o Free Fire - jogo que servia como válvula de escape para momentos de solidão e tristeza. E com seis horas de jogo, Pires acabou se destacando e foi Robert "Price", pro player da KaBuM, que introduziu o mineiro para o mundo gamer.Foi através do jogo mobile que Pires conheceu Carlos "Fixa", capitão do time e jogador que tem mais proximidade, a quem ele se refere como "meu duo". Pela internet, o mineiro conheceu os outros companheiros e foi o Jeferson Góes, pai do Burno "Nobru", que recebeu Pires de portas abertas na capital paulista.

- Em São Paulo, o pai do Nobru é um pai pra mim, ele me ajuda com tudo. Ele só me connhecia pela internet e me acolheu na casa dele por duas semanas. Me tratou como se fosse um filho. Não tenho nem palavras para o que eles fizeram. Chamo de pai - contou.

Durante o período de isolamento social por causa do novo coronavírus, o suporte voltou para a Três Marias (MG), onde continua com os treinos e avalia que o intervalo dos campeonatos é bom para se dedicar mais ao jogo. A Liga Brasileira de Free Fire (LBFF) não optou, até o momento, em realizar o torneio online.

- Eu prefiro ter campeonato. Presencial ou online não importa, eu quero é jogar. Antigamente era online, só as finais que eram no presencial. O que não pode, é ficar sem jogar - avaliou.

Depois da saída de Samuel "Level Up 007" do Corinthians, em abril, Pires antecipou que o Timão está fazendo testes com alguns jogadores e que o time pode aparecer no próximo split com seis ou sete membros na remodelada line-up.