Debater os impactos socioambientais decorrentes da implantação de uma usina fotovoltaica no Lago de Três Marias (Região Central do Estado), onde está localizada a Usina Hidrelétrica de Três Marias, de propriedade da Cemig. Este é o objetivo de audiência pública que a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realiza nesta segunda-feira (30/10/23), às 14 horas, no Auditório do andar SE do Palácio da Inconfidência.

A reunião foi solicitada pela deputada Beatriz Cerqueira (PT). Segundo o gabinete da parlamentar, a demanda de discussão do assunto partiu do Grupo Pró Três Marias, integrado por representantes do setor público e privado, organizações de pescadores, Ordem dos Advogados do Brasil e outras entidades.

Segundo esse grupo, em relato enviado ao gabinete de Beatriz Cerqueira, a notícia da instalação de placas solares no espelho d’água da represa de Três Marias gerou descontentamento na comunidade, que se preocupa com a possibilidade de o turismo e a pesca se tornarem impraticáveis no local.

De acordo com documento encaminhado por esse grupo, o turismo e a pesca (artesanal e esportiva) consolidaram a cadeia produtiva e de serviços do município e conquistaram a segunda posição na arrecadação da cidade, ficando atrás apenas da Companhia Mineira de Metais, atual Nexa.

No texto, o grupo destaca que, atualmente, há no município centenas de casas e ranchos para temporada, bairros inteiros formados por turistas e rede hoteleira, além de bares, lanchonetes e restaurantes, que sobrevivem da renda deixada pelos visitantes.

“Cerca de 2 mil pescadores artesanais sobrevivem diretamente da atividade pesqueira na represa e no rio. Temos centenas de embarcações cadastradas na Marinha, compreendidas por barcos de pequenos portes, lanchas, moto-aquáticas e barcos de passeio.”

                Grupo Pró Três Marias

Falta de transparência

No mesmo documento, o Grupo Pró Três Marias enfatiza que a comunidade não é contra a produção de energia limpa e sustentável, mas está assustada com a condução do projeto, a ausência de participação popular, a falta de respostas e de estudos de impactos ambientais, econômicos e sociais, além da possibilidade de acidentes com o projeto instalado em água.

“A Cemig não explicou até o momento o porquê da não instalação das referidas placas em terras de sua propriedade ou que podem ser adquiridas nas proximidades da Usina Hidrelétrica de Três Marias”, questiona o grupo.

Para a reunião desta segunda (30), foram convidados, entre outros, gestores da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, da Cemig, de Três Marias, além de integrantes do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, do Instituto Guaicuy e de movimentos sociais.