Junto meus braços, abraços feitos de aços, que cortam afiados os espaços e se juntam no infinito, atos que se fazem junções, corações acordados, ensaboados e perdidos na escuridão, escorrendo por entre beijos, urros, sussurros apertados entre amassos e lençóis caindo para o chão.

Se os nossos braços se entrelaçam, armados para a fogueira que se eleva nos teus cabelos anelados, alvoroçados como a figura da quimera grega que se alegra, é medo, é beleza a regra de uma paixão batida, comida por dentre os dentes vorazes.

Os nossos dedos se encontram nos contatos imediatos, amarrados no fio invisível do tato que se arrepiam no contato do orvalho da noite que cai na gravidade grave do momento afortunado.

Se cada uma de nossas vozes se perde no incompreensível farfalhar de promessas que não se cumprirão, e que apenas são recheios que preenchem os vazios do turbilhão de se encontrar nas sombras, mesmo conhecendo os contornos que se realizam na luminosidade turva dos olhos que se entreabrem levemente e bocas que murmuram entre olhares rápidos, tentando achar um nos olhos do outro o momento certo de fazer o que decerto em outro andar de pensamento erraria.

O que nos faz entrar nesta romaria, como a reza contínua que não se sabe onde começa ou termina?

Entramos no poema e não sabemos como sair, do turbilhão de pensamentos que se abre para compreender aquilo que não deve ser compreendido. Poetizar é tato, é seguir com os olhos vendados rumo ao nada que pode ser tudo aquilo que queremos dizer, e que é impossível dizer, mesmo usando todas as palavras disponíveis, e aquelas que estão, certamente serão, no mar aberto da página em branco, naves errantes, vagando rumo a outra escuridão e para isso precisam ser mais do que palavras, são remos que se batem na incompreensão.