Apoiar os alunos da rede estadual de ensino que precisam de auxílio para alavancar seus estudos e recuperar as notas: este é o objetivo da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE) ao iniciar, a partir da próxima semana, o Programa de Reforço Escolar para Fortalecimento da Aprendizagem. 

De segunda-feira (23/9) até o final do mês de novembro, mais de 114 mil alunos da rede estadual de ensino de Minas Gerais terão a possibilidade de participar da iniciativa, em mais de 1,6 mil escolas em todas as Superintendências Regionais de Ensino (SREs). As aulas de reforço também contarão com a participação de cerca de 15 mil estudantes que estavam em vias de abandonar os estudos e retornaram para as escolas após a ação de busca ativa realizada pela SEE.

O diagnóstico dessa necessidade foi realizado com foco nos estudantes dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio que apresentaram índice de aproveitamento menor que 60% em língua portuguesa e matemática nos dois primeiros bimestres de 2019. Com isso, o programa vai disponibilizar pedagogos e professores dos mesmos componentes curriculares para recuperar a aprendizagem destes alunos.
 
A secretária de Estado de Educação, Julia Sant’Anna, comemora mais uma iniciativa da pasta na tentativa de manter os estudantes em salas de aula e explica o motivo da escolha dos componentes curriculares língua portuguesa e matemática.

“Entendemos que todos os componentes curriculares são muito importantes. No entanto, entende-se também que, se o estudante tem mais facilidade para compreender interpretação de texto e raciocínio lógico, bem como as outras habilidades de língua portuguesa e matemática, a chance de ter bom desempenho nos outros componentes é muito maior. E o objetivo do programa é esse: apoiar o fortalecimento da aprendizagem do aluno para que ele tenha condições de acompanhar as etapas e permaneça na escola”, explica a secretária.
 
Aulas de reforço
 
As aulas serão realizadas duas vezes por semana para cada componente curricular no período do contraturno do aluno ou em um sexto horário, dependendo da disponibilidade das instituições de ensino. O estudante que precisar de acompanhamento tanto em português quanto em matemática terá quatro aulas ao longo da semana. Para isso, a SEE também conseguiu garantir a alimentação daqueles estudantes que permanecerem na escola para participar das aulas de reforço. 
 
“Se não for possível oferecer as aulas no sexto horário, vamos trabalhar com turmas no primeiro horário mais próximo da permanência do aluno em seu contraturno. Se ele estudar à tarde, a aula será no último horário da manhã. Se for pela manhã, no primeiro horário da tarde. E a alimentação da escola onde houver contraturno será suplementada, os recursos para isso estão garantidos”, destaca a secretária Julia Sant’Anna.
 
A SEE entende que a participação da família é importante no processo de resgate da aprendizagem desses alunos e, por isso, os pais ou responsáveis receberão um documento que irá informar sobre o convite que o estudante recebeu para participar do programa e como serão desenvolvidas as atividades. Os pais ou responsáveis deverão assinar o termo, autorizando ou não a participação do aluno. 

Melhorias na aprendizagem
 
Os professores e pedagogos efetivos serão convidados, primeiramente, para atuarem nas aulas de reforço. No entanto, caso as vagas não sejam preenchidas por eles, a SEE seguirá a legislação vigente para a designação dos profissionais. A expectativa é de que o investimento seja de, aproximadamente, R$ 1 milhão mensal com folha de pagamento do quadro de pessoal. 

“O lançamento deste programa é mais um resultado do esforço de organização que esta gestão vem fazendo para garantir recursos que objetivam a melhoria da aprendizagem dos estudantes das escolas estaduais mineiras. Ele só foi possível porque conseguimos contar os centavos, e agora vamos possibilitar a mais de 114 mil alunos fechar o ano letivo com melhora em seu desempenho. Isto é uma grande conquista”, conclui a secretária Julia Sant’Anna. 

Material orientador

Todos os profissionais do programa receberão o Caderno de Orientações de Metodologias do Reforço Escolar para Fortalecimento da Aprendizagem. O material foi elaborado por analistas educacionais da SEE e está em consonância com o Currículo Referência de Minas Gerais, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o Conteúdo Básico Comum (CBC) do ensino médio.

O objetivo é orientar os professores e pedagogos a atender, a partir do diagnóstico feito pela escola, às especificidades da condição de aprendizagem de cada estudante com base nas seguintes competências básicas: pesquisa e investigação; comunicação; desenvolvimento de raciocínio lógico; resolução de problemas e análise, interpretação e síntese de informações e conhecimentos.

“O conteúdo desse material orientador foi elaborado a partir do diagnóstico dos pontos mais críticos identificados nas avaliações externas do ano passado. Então, são aquelas competências e habilidades detectadas como de pouca compreensão. Dentro delas, os professores vão trabalhar as especificidades de cada aluno de acordo com aquilo que precisam melhorar em sua aprendizagem”, pondera Julia Sant’Anna.

O material propõe possibilidades de ação do professor de acordo com a metodologia do programa para atividades na sala de aula, biblioteca, laboratório, sala multimídia, entre outros espaços da escola.

Auxílio no aprendizado

A expectativa positiva de Filipe Alves Lima, professor de física e vice-diretor da Escola Estadual Professor Guilherme Azevedo Lage, em Belo Horizonte, vem de uma experiência pessoal. “Quando eu era estudante do ensino fundamental, participei de aulas de reforço que me ajudaram muito. Os professores identificaram minha dificuldade em matemática e foi a partir das aulas que comecei a ter interesse pela disciplina”, conta. 

Em sua escola serão disponibilizadas 240 vagas. Para o educador, a participação dos estudantes dará mais perspectivas para eles. “Aqui na escola só atendemos alunos do ensino médio e muitos chegam com alguma dificuldade. As aulas de reforço ajudarão muito porque a quantidade reduzida de alunos facilita com que o professor fique mais atento àquela dificuldade e trabalhe com mais foco", comemora. 

A diretora da Escola Estadual Américo René Giannetti, em Uberlândia, Andreia Cristina Sant’Anna, conta que a escola faz o acompanhamento do rendimento dos estudantes rotineiramente e que, ao longo do ano, desenvolve atividades com foco na recuperação do aprendizado. No entanto, ela acredita que uma ação pedagógica mais estruturada vai contribuir muito para a melhoria do desempenho do aluno. “Será muito bem-vindo e vai ajudar a complementar as ações que já desenvolvemos”, ressalta.

Na Escola Estadual Professor Bolivar de Freitas, em Belo Horizonte, serão oferecidas 160 vagas que contemplarão alunos dos turnos da manhã e da tarde. A escola conta com salas disponíveis e a diretora acredita que a participação dos alunos será grande. “Essa ação é muito importante e acredito que a aceitação vai ser boa, tanto por parte dos pais quanto pelos alunos. Nosso objetivo é realmente desenvolver um bom trabalho”, destaca a diretora da escola, Kátia Alves Lourenço.