A figura imponente do leão com sua juba dourada no meio de leoas, reinando sonolento, esbanjando sua nobreza de rei das selvas poderia ser a imagem do vencedor. Um rei, afinal, seria uma figura venerada por súditos, assumindo um cargo por mérito ou por demérito, sendo que a sua importância venha deles ou não. Pode ser por uma conveniência que beneficie a ambos.

Reis e súditos existiram e existirão sempre, independentemente do respeito mútuo que sentirem, medo ou não, vindo de ambos os lados.

O rei leão não caça, mas tem a fama de ser um dos melhores. Na verdade, a caçadora da família e da manutenção da prole é a leoa. E leoas nunca representaram tanto a força do feminino. Lutar como um leão não é lutar como uma leoa. A valentia e a força estão, justamente, naqueles ou naquelas que se superam.

O leão, quando caça, escolhe a sua vítima em especial. Normalmente, o mais fraco, o mais doente ou o mais jovem do bando, o que dá menos trabalho, porque ninguém é bobo. Acompanha a manada como se fosse a sua posse, se servindo dela na medida do seu desejo.

A minha linha de pensamento do leão com o predador tem a ver com essa relação com a vítima. O ser humano, como predador, também escolhe a mais frágil, a mais desprotegida das vítimas. E age como o leão que finge proteger uma família, um grupo, uma comunidade ou um país.

Um predador é sutil quando estimula a coragem do outro, enquanto se esconde no meio de um grupo de apoio. Um predador finge que não se importa e persegue, de longe, o grupo do qual se alimenta, sendo a seu favor ou contra. O que importa é manter o grupo incomodado, transmitindo insegurança.

Essa relação predatória coloca a vítima como a culpada por seu próprio sofrimento. Nada melhor do que dominar é fingir proteger. Esse predador, muitas vezes, é um rei que se comporta em uma suposta realeza, tem a juba gloriosa e endeusada, é amigo, é próximo. Mas nunca perde de vista a vítima escolhida, enquanto empresta a vítimas não tão frágeis, e ele sabe que algumas não são, a imagem da perfeição e da amizade.

O predador é o leão disfarçado de realeza. Ele atribui à vítima a fraqueza que ele corre para suprir. E, em troca disso, se julga dono dela.

O predador justificando seus atos, atribuindo-os a uma suposta realeza com os não fracos, ele encontra a perfeita existência de vítimas à sua disposição, enquanto persegue a manada, na esperança que alguém fraqueje e venha pedir sua ajuda que será, devidamente, cobrada a seu tempo.